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FGV Cidades participa do VII Simpósio de Pesquisa da FGV

Estruturar redes de pesquisadores do Brasil e do exterior, com o propósito de promover a realização de projetos de pesquisa multidisciplinares com alto impacto no desenvolvimento socioeconômico do país. É com esse objetivo que o VII Simpósio de Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) foi realizado entre os dias 12 e 14 de setembro, no Centro Cultural da FGV, no Rio de Janeiro. Pesquisadores do FGV Cidades participaram do evento, que reuniu especialistas de diferentes áreas para dialogar sobre os principais desafios enfrentados pela população brasileira atualmente.

Temas como Pesquisa, Inovação e Setor Empresarial; Ética e Integridade em Pesquisa; O Impacto das Mudanças Climáticas, Poluição e Desastres Ambientais sobre a Saúde da População; Comunicação e Nova Ordem Social; Reforma Tributária e o Marco Fiscal estiveram no centro dos debates nos diferentes painéis do Simpósio.

O pesquisador do FGV Cidades e professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), Daniel da Mata, foi um dos palestrantes do painel “O Impacto das Mudanças Climáticas, Poluição e Desastres Ambientais sobre a Saúde da População”.

A sessão também contou com a participação do diretor e professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, Oscar Vilhena; do professor Weeberb João Réquia Júnior (FGV EPPG); Caio Borges (coordenador do Portfólio de Direito e Clima do Instituto Clima e Sociedade - iCS), da professora Leticia Lopes Brito (FGV Direito SP), com mediação da diretora e professora da Escola de Economia de São Paulo Lilian Furquim (FGV EESP).

Políticas públicas e mudanças climáticas

Como políticas públicas poderiam minimizar os impactos adversos das mudanças climáticas? O pesquisador Daniel da Mata focou sua apresentação em políticas públicas relacionadas ao clima. Contextualizando as suas pesquisas a nível macro, ele fez uma reflexão sobre, por um lado, as políticas e o pacto global que buscam mitigar as mudanças climáticas e, por outro as políticas que buscam se adaptar diante desses impactos.

“Junto com esse compromisso global, os países, as empresas, a sociedade estão adotando políticas de adaptação. Os eventos extremos estão acontecendo com maior frequência, em lugares onde não tinham começaram a ocorrer. Então, tanto o setor público quanto o privado estão adotando políticas para aumentar a resiliência, e é nesse ponto onde a minha pesquisa foca, em aumento de resiliência, adaptação e seus cobenefícios, tanto do ponto de vista de saúde, quanto de inserção no mercado de trabalho”, destacou.

Da Mata deu destaque a dois dos seus trabalhos que analisam o Programa Cisternas, desenvolvido pelo governo federal. O Programa é destinado a famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. O primeiro trabalho -  “Climate adaptation policies and infant health: Evidence from a water policy in Brazil” – analisa o impacto desse programa na saúde dos bebês. O estudo foi um dos premiados como “Destaques de Pesquisa Aplicada”, entregue durante o Simpósio.  Saiba mais sobre a pesquisa na matéria produzida pela Rede de Pesquisa da FGV. O estudo tem como autores Daniel da Mata (FGV EESP), Lucas Emanuel (UFBA), Vitor Pereira (ENAP) e Breno Sampaio (UFPE).

Justificando o recorte da saúde neonatal como objeto de investigação, o pesquisador ressaltou a importância da disponibilidade da água de qualidade na gravidez e como o desenvolvimento dessa fase repercute na saúde ao longo da vida. “Temos uma literatura imensa na área de Saúde, da Medicina, de Ciências da Saúde e, também, da Economia, que indica que a melhoria da saúde neonatal reverbera na saúde adulta, tendo também impactos positivos sobre o mercado de trabalho”, afirmou.

A pesquisa fez um cruzamento de dados administrativos que permitiu identificar a data de construção das cisternas e a data de nascimento das crianças, bem como da qualidade da água das cisternas. A amostra envolveu grávidas que foram contempladas pelo Programa durante as 40 semanas de gestação. Para estimar o impacto, a pesquisa adotou como estratégia empírica o que o pesquisador conceitua como dose-resposta: grávidas contempladas pelo programa no início da gestação tiveram uma dose do Programa muito maior do que aquelas contempladas ao final da gestação.

“A cada semana de gestação a mais de exposição ao Programa, você tem um aumento de 1,7 gramas do bebê. E essa exposição também diminui a probabilidade de nascimento prematuro e de baixo peso. Esse efeito é comparável a um programa de transferência de renda como o Bolsa Família, e considerando a literatura de peso ao nascer, é um efeito já nas magnitudes de calda superior de políticas públicas afetando a saúde neonatal”, ressaltou.

Ao analisar os impactos, o estudo realizou, ainda, uma análise de custo benefício, projetado a partir do cruzamento entre a externalidade fiscal, que corresponde aos benefícios do Programa em termos de estimativa de arrecadação tributária, a partir da melhoria do acesso a emprego previsto na literatura, com o próprio custo da Política. “Esse exercício bem simples mostrou que o Programa, só olhando a saúde neonatal, tem um custo-efetividade bem atrativo”, relatou.

O segundo trabalho, ainda em desenvolvimento, investiga os efeitos no mercado de trabalho, analisando desta vez, a população adulta. Os resultados preliminares sugerem que a presença da cisterna traz como efeito o aumento dessas pessoas no mercado formal.